Os Jogos Olímpicos de Paris de 2024 arrancam na sexta-feira e, como vem sendo hábito, Leiria estará em força na mais importante competição desportiva de planeta. A lançadora de disco Irina Rodrigues, a b-girl Vanessa Marina e a lançadora de peso Eliana Bandeira vão representar Portugal na capital francesa, bem como Ana Sofia Costa, no boccia dos Jogos Paralímpicos.
O nosso concelho ainda terá como representantes o nadador Filipe Gomes, com as cores do Malawi, e Phurit Yohuang, um pentatleta tailandês que está há mais de meio ano a beneficiar das infraestruturas de excelência da cidade para preparar o evento.
A nossa tradição olímpica, pode dizer-se, é rica e até já estivemos perto de conquistar uma medalha, há três anos, em Tóquio, quando Auriol Dongmo ficou a cinco centímetros do pódio de lançamento do peso.
Outro nome incontornável é Maria Odete Fiúza, que participou em seis Jogos Paralímpicos, de 2000 a 2020, em provas como os 1500 metros ou a maratona. Também Vânia Silva marcou a mudança de um paradigma e foi a três Jogos Olímpicos (2004, 2008 e 2012).
O que muitos não sabem é que temos de recuar mais de um século, concretamente 104 anos, para encontrar a primeira vez de um leiriense na maior das competições!
Ora, Portugal estreou-se nos Jogos Olímpicos de Estocolmo, em 1912. Os Jogos de Berlim, em 1916, foram cancelados, voltando a participar nos de Antuérpia, em 1920, onde estaria presente em apenas duas modalidades, a esgrima e o tiro.
E chegamos ao nosso homem. Foi nesta última que competiu António dos Santos, o senhor do bigode farto da fotografia, que nasceu a 24 de abril de 1888, no Casal dos Claros, freguesia de Amor, filho de Clemente dos Santos e Inácia Filipe.
Na Bélgica, António dos Santos integrou a equipa de tiro português que participou em cinco provas e alcançou um diploma olímpico, graças ao oitavo lugar na prova de revólver a 30 metros. Foi ainda 11.ª classificada nas provas de carabina militar a 300 metros em pé e a 300 e 600 metros deitado.
Ainda na carabina militar, a equipa lusa obteve o 14.º lugar a 600 metros deitado e o 15.º posto a 300 metros deitado.
Mas, afinal, quem era António dos Santos? Segundo o blogue Arquivo d’Amor, casou em 1907, aos 19 anos, na Igreja de Amor, com Joaquina Margarida da Silva. Em 1911, passou a integrar o exército português, tendo estado aquartelado em Leiria.
Em 1917, integrou o Corpo Expedicionário Português, a principal força militar portuguesa que participou na frente europeia da Primeira Guerra Mundial, como 2.º Sargento n.º 323 da 2.ª Companhia, passando a fazer parte da Infantaria n.º 7.
Em agosto de 1920, chegou, então, o grande momento. Regressou à zona de combate para integrar a comitiva de 13 atletas que representaram Portugal nos VII Jogos Olímpicos da Era Moderna.
O Sargento Santos viria a acumular prémios e a bater recordes nacionais. Voltaria a ser escolhido para representar o País nos Jogos Olímpicos de 1932, mas, “por motivos desconhecidos, acabou por não partir para Los Angeles”. “Desgostoso”, deixou de participar em competições.
Viria a falecer a 14 de janeiro de 1968, na Marinha Grande, deixando descendência.