Mariana Teixeira tem 21 anos e é uma das cinco atletas leirienses que este sábado vai entrar em ação na Gala New Talents Arrive, que vai ter lugar na sede do Lis Tiger Club, na Boa Vista, em Leiria. E quando começou, há coisa de um ano, a intensidade do kickboxing e do muaythai serviria, sobretudo, para “perder peso”…
Contudo, rapidamente se entusiasmou, já entra em combates e está apaixonada por toda a idiossincrasia do processo de treino. “Quando saía irritada do trabalho, era ali que descarregava”, conta, feliz por ter tomado esta decisão que lhe fortalece o corpo, mas também a alma. Melhora a condição física, mas também a auto-estima.
As pessoas, quando sabem, dizem-lhe que “não imaginavam” que ela se movesse neste meio, mas, garante, nunca sentiu qualquer tipo de discriminação. O namorado “acha engraçado” e vai ver os combates, os pais “preocupam-se” quando a veem dorida após um combate, mas não lhe fecham a porta, até porque ela “faz o que gosta” e “trabalha e paga” as despesas inerentes a esta prática desportiva.
O momento da competição, esse, não tem sido um passeio no parque. “Levei mais do que dei”, admite. “Agora já me habituei, mas no início era horrível, tinha muitas dores no corpo.” Também já sofreu a bom sofrer com as dietas anteriores às pesagens, mas não é isso que a faz afastar deste mundo.
Também, se fosse fácil, não era certamente para ela. E o mais importante, em Leiria e em qualquer lado, seja num ringue, num ginásio, num campo de futebol ou num palco a dançar ballet, é que “o lugar da mulher é onde ela quiser”.
É precisamente esse o lema da gala que acontece este sábado, a partir das 18:30 horas, no Lis Tiger Club. Trata-se de um evento 100% feminino, com um total de dez combates de kickboxing e muaythai, e três deles valem a atribuição do título nacional.
É uma homenagem de João Pedro Severino, treinador do clube de Leiria, às mulheres, por quem tem um “profundo respeito”. Quis, por isso, dar visibilidade à Associação Mulher Século XXI, uma organização de defesa dos direitos das mulheres e da igualdade de género, associando-a a esta organização.
“Somos uma equipa com mais de 130 títulos nacionais, mas foram sempre as mulheres, como Valentina Bilous, que tiveram um impacto maior”, conta João Pedro Severino.
“E o papel delas neste desporto não é fácil, porque têm de fazer o que os homens fazem, mas também outras coisas, como terem filhos. Muitas têm namorados ou maridos que se apaixonam por elas pela força que têm, por praticarem estas modalidades, mas depois assustam-se e fazem tudo para que abandonem.”
E nós, o que podemos fazer? Apoiá-las ao máximo. E sábado, às 18:30 horas, na Boa Vista, é um excelente momento para provar que estamos do lado destas guerreiras que só querem fazer o que mais gostam.